sábado, 16 de março de 2013

Notas sobre a Neurose e a Psicose do livro "O saber delirante" – J.A Miller


Quando comumente se fala que na psicose o sujeito está fora da realidade, ou há uma perda da realidade, é importante retomarmos Freud em suas considerações nos textos “neurose e psicose” e “perda da realidade na neurose e na psicose”.
Freud assinala que tanto na psicose como na neurose há uma perda da realidade. O que difere em relação às duas estruturas é em relação a forma de se reconstruir a realidade. Enquanto o neurótico a faz pela fantasia, o psicótico a faz pelo delírio.
O paranóico edifica de novo a realidade mediante o trabalho de seu delírio, “o que nós consideramos a produção patológica, a formação delirante, é, em realidade, a tentativa de restabelecimento, a reconstrução”.
Esse é um ponto crucial para o tratamento de psicóticos, considerar o delírio como uma tentativa de dar um tratamento ao real, uma tentativa de cura, de construção de uma suplência. Assim, nós, analista, estamos ali, ao lado dos psicóticos, a fim de ser seu secretário, testemunhas de uma reconstrução delirante, de uma nova realidade que os permite suportar o real que os invade.