XI Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ
23, 24 e 25 de novembro de 2015
Link:http://www.cepuerj.uerj.br/app_upload/COVOCATORIA-%20TRABALHOS-%20PROGRAMA%C3%87%C3%83O.pdf
Há cem anos, em 1915, após um período de perseverante
solidão diante da hostilidade com que a psicanálise havia sido
recebida pela comunidade científica de sua época, Freud formula,
com mais confiança, otimismo e de forma iluminada, os conceitos
fundamentais de sua teoria nos textos intitulados: Artigos de
Metapsicologia.
Com eles a psicanálise debuta, estruturada por alguns
conceitos fundamentais, no cenário do século XX para se tornar um
dos bastiões de sua vanguarda: a revolução da razão, a
reconsideração do lugar da linguagem, a renovação que faltava à
clínica psicológica, o esteio sobre o qual o campo psi pôde se
assentar, a queridinha da arte moderna, o arauto da liberação sexual
e com isso dos movimentos feministas entre outros relativos à
sexualidade, à parentalidade, à constituição familiar, ao
questionamento político da formação dos grupos, à transitoriedade,
etc. A lista de mudanças trazidas na esteira de sua teorização é
imensa.
E tudo, para fazer jus à leitura lacaniana, se assenta, como cabe
a uma estrutura, sobre conceitos que jamais deixaram de comparecer
na evolução da teoria. A princípio três: inconsciente, pulsão, recalque,
cujas articulações se desdobram em outros como desejo, objeto,
transferência, repetição, sintoma, sujeito, eu, Outro, identificação,
que, por sua vez, remetem a temas capitais como interpretação,
resistência, demanda, (in)satisfação, gozo, amor, ódio, e outra vez
desejo, dessa vez desejo de analista: na prática, na teoria, na
transmissão.
O edifício é grande, os alicerces, ainda que continuamente
contestados, pois a psicanálise é sempre causa de debate, continuam
firmes a sustentar uma prática clínica enriquecida por tantos
psicanalistas de relevo e, em especial, renovada por Lacan para fazer
frente a mais um século.
Lacan a reinventa e demonstra que ela pode se reinventar
continuamente pois opera, como teoria, da mesma forma que os
conceitos objeto de sua teorização. A psicanálise tem pulsão, circula,
sofre recalques, tentativas de foraclusão, transmite-se apesar disso,
interpreta-se, constrói saber a partir de um não sabido, transfere
libido, contagia com desejo, produz objetos novos.
Não por acaso, Lacan propõe seu ensino sob a égide do retorno
a Freud pela razão mesma da psicanálise pós-freudiana ter chegado,
em seu juízo, a um impasse mental e prático quanto ao legado
daquele que fundara seu campo. Neste sentido, ele entende que sua
proposta equivale à submissão da psicanálise ao esquema
operacional que ela própria ensinou, figurando o problema da
neurose em um segundo grau. A resistência dos próprios
psicanalistas à experiência que os conceitos freudianos se punham a
transmitir expressou-se, por exemplo, nas derivas psicológicas
criticadas por Lacan (do eu autônomo, do objeto genital etc.), que
desalojavam de bom grado o prefixo meta forjado por Freud.
O Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ não
deixará passar este centenário sem fazer, através de mais um
simpósio, uma homenagem ao fecundo trabalho de Freud em 1915.
Dessa forma, convidamos e convocamos docentes e alunos de pósgraduação
cujas pesquisas possam articular-se a esse tema a
colaborar com suas presenças, trabalhos e debates para o evento
Cem anos de Metapsicologia: os conceitos fundamentais, a se
realizar em 23, 24 e 25 de novembro na UERJ.