quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A relação sexual não existe!

 http://www.isepol.com/asephallus/numero_12/imagens/quadro.jpg


Escutamos muito no campo freudiano essa afirmação que Lacan faz acerca da relação sexual : "Não há relação sexual".
E o que significa dizer que a relação sexual não existe?
Para que possamos entender o que Lacan quis dizer com isso é importante localizarmos em que momento de seu ensino se dá essa afirmação. 
Lacan apresenta as fórmulas da sexuação nos anos setenta. Podemos encontrar em seu seminário Mais ainda a escrita dessas fórmulas. Segundo ele há uma lógica dissimétrica entre as posições do homem e da mulher. A relação entre o homem e a mulher não é harmoniosa em função da barreira contra o incesto que faz com que o objeto original desejado, a mãe, não corresponda ao objeto final da pulsão. Desse modo, a satisfação pulsional é sempre parcial e os objetos substitutivos nunca são plenamente satisfatórios. Assim, não há uma complementaridade entre o homem e a mulher, de modo que a relação sexual não existe.
(Maleval.La forclusión del Nombre del Padre. Buenos Aires: Paidós, 2002)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Divulgando evento: XI Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ

XI Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ
23, 24 e 25 de novembro de 2015

Link:http://www.cepuerj.uerj.br/app_upload/COVOCATORIA-%20TRABALHOS-%20PROGRAMA%C3%87%C3%83O.pdf

Há cem anos, em 1915, após um período de perseverante solidão diante da hostilidade com que a psicanálise havia sido recebida pela comunidade científica de sua época, Freud formula, com mais confiança, otimismo e de forma iluminada, os conceitos fundamentais de sua teoria nos textos intitulados: Artigos de Metapsicologia. 
Com eles a psicanálise debuta, estruturada por alguns conceitos fundamentais, no cenário do século XX para se tornar um dos bastiões de sua vanguarda: a revolução da razão, a reconsideração do lugar da linguagem, a renovação que faltava à clínica psicológica, o esteio sobre o qual o campo psi pôde se assentar, a queridinha da arte moderna, o arauto da liberação sexual e com isso dos movimentos feministas entre outros relativos à sexualidade, à parentalidade, à constituição familiar, ao questionamento político da formação dos grupos, à transitoriedade, etc. A lista de mudanças trazidas na esteira de sua teorização é imensa. 
E tudo, para fazer jus à leitura lacaniana, se assenta, como cabe a uma estrutura, sobre conceitos que jamais deixaram de comparecer na evolução da teoria. A princípio três: inconsciente, pulsão, recalque, cujas articulações se desdobram em outros como desejo, objeto, transferência, repetição, sintoma, sujeito, eu, Outro, identificação, que, por sua vez, remetem a temas capitais como interpretação, resistência, demanda, (in)satisfação, gozo, amor, ódio, e outra vez desejo, dessa vez desejo de analista: na prática, na teoria, na transmissão. 
O edifício é grande, os alicerces, ainda que continuamente contestados, pois a psicanálise é sempre causa de debate, continuam firmes a sustentar uma prática clínica enriquecida por tantos psicanalistas de relevo e, em especial, renovada por Lacan para fazer frente a mais um século. 
Lacan a reinventa e demonstra que ela pode se reinventar continuamente pois opera, como teoria, da mesma forma que os conceitos objeto de sua teorização. A psicanálise tem pulsão, circula, sofre recalques, tentativas de foraclusão, transmite-se apesar disso, interpreta-se, constrói saber a partir de um não sabido, transfere libido, contagia com desejo, produz objetos novos. 
Não por acaso, Lacan propõe seu ensino sob a égide do retorno a Freud pela razão mesma da psicanálise pós-freudiana ter chegado, em seu juízo, a um impasse mental e prático quanto ao legado daquele que fundara seu campo. Neste sentido, ele entende que sua proposta equivale à submissão da psicanálise ao esquema operacional que ela própria ensinou, figurando o problema da neurose em um segundo grau. A resistência dos próprios psicanalistas à experiência que os conceitos freudianos se punham a transmitir expressou-se, por exemplo, nas derivas psicológicas criticadas por Lacan (do eu autônomo, do objeto genital etc.), que desalojavam de bom grado o prefixo meta forjado por Freud. 
O Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da UERJ não deixará passar este centenário sem fazer, através de mais um simpósio, uma homenagem ao fecundo trabalho de Freud em 1915. Dessa forma, convidamos e convocamos docentes e alunos de pósgraduação cujas pesquisas possam articular-se a esse tema a colaborar com suas presenças, trabalhos e debates para o evento Cem anos de Metapsicologia: os conceitos fundamentais, a se realizar em 23, 24 e 25 de novembro na UERJ.