sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crack: Apocalipse químico

Retirado do site da ABEAD
Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas

O Crack têm se disseminado rapidamente. Essa droga é sete vezes mais potente que a
cocaína e também mais cruel e mortífera. O usuário chega a viciar no primeiro uso.

Desafeiçoado. Escondido pelo escuro da noite e feliz pela ilusão da droga. É tarde, e cada esquina vira boca de fumo. O crack tomou conta. Não se tem acepção de idades. São milhares de crianças, jovens e adultos encolhidos em qualquer canto, iluminados apenas por um palito de fósforo aceso. “A gente pensa que aqui quase não tem viciados em crack. Aí é que a gente se engana. Tem crianças usando crack até na escola.” Relata Jordão Vittor, 26, morador do bairro Santa Lúzia.
O crack é a mistura de cocaína refinada com bicarbonato de sódio que resulta em grãos que são fumados em cachimbos ou latas. Seu efeito pode ser de cinco a sete vezes mais potentes que a cocaína, entretanto, também é mais cruel e mortífero. Durante 10 minutos, no máximo, o usuário sente uma sensação eufórica e excitante, seguido de depressão, delírio e a necessidade de repetição da dose, quase instantaneamente.
P. tem somente 17 anos e já é viciado há dois, atualmente, usa cerca de 60 pedras de crack por dia. Todo sujo, usa dialetos, fala alto e olha de lado, mas não é agressivo, apesar de estar sob efeito da droga.
Ele é tão novo e já sem esperanças, sem expectativa de vida, sem rumo. “Eu fico bem quando uso. Depois percebo que não tenho vida, aí fumo de novo. Se eu morrer agora, vou morrer feliz”.
Em um passado bem recente, somente pessoas desprovidas de dinheiro é que eram dependentes do crack, já que é uma droga barata, custando de 5 a 10 reais a pedra. Hoje, esse perfil mudou. Agora as classes média e alta também são escravos do crack. “Antes era só na favela, hoje você vê os ‘playboys’ comprando a pedra”, alerta P.
Segundo o psiquiatra especialista em dependência e saúde mental Paulo Soares Gontijo o crescimento exagerado do consumo se deve ao fato do custo ser baixo e da mobilidade do tráfico. “Quanto mais barato, maior o consumo. Quanto mais consumo, maior a procura por tratamento”, explica.
Apesar de ser um valor relativamente baixo, o viciado começa a vender seus pertences, fazer trocas e até furtos já que existe um interesse compulsivo em usar outras pedras. “Tem pessoas que vende até o telhado da casa para comprar droga”, diz P.
Quando não há mais esperanças de uma vida melhor, os jovens buscam no efeito momentâneo do crack, um motivo para sorrir. “A meu ver isso acontece devido à falta de oportunidade, a falta de possibilidade de que um dia a vida possa melhorar, e se essa pessoa não tiver uma vida com estrutura familiar e social bastante firme, o que acontecerá é que ela logo cairá nessa armadilha chamada crack”, disse o Delegado Regional de Barreiras Dr. Jorge Aragão ao jornal Novo Oeste.
Em Barreiras, no Oeste da Bahia, o uso do crack não está tão disseminado quanto na capital baiana, Salvador, onde o consumo aumentou 140%. Em Brasília (DF) com aumento de apreensão de pedras de crack em 175% em apenas um ano; e Goiânia (GO), onde existem 50 mil usuários, cerca de 4% da população.

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