Freud defendia que os sintomas neuróticos podiam ser
decifrados, na medida em que tinham um sentido, da mesma forma que os atos
falhos e os sonhos. O sintoma no sentido analítico, ou em sua significação
clássica, quer dizer aquilo que é analisável na neurose. A possibilidade de
interpretação advém do sintoma como portador de uma mensagem velada. Freud
desenvolve o conceito de sintoma enquanto uma formação do inconsciente, nos
textos “A interpretação dos sonhos” (1900-1901), “A psicopatologia da vida
cotidiana” (1901) e “Os chistes e sua relação com o inconsciente” (1905).
Em “A interpretação dos sonhos”, ele substitui a
proposição neurofisiológica para explicar os processos mentais pela psicológica
e introduz uma primeira formulação do conceito de inconsciente. Em seus estudos
sobre a histeria ele percebe a existência de diferenças entre a paralisia
motora e a paralisia histérica, e chega à conclusão de que a idéia é que
paralisa o indivíduo e não um feixe de neurônios. A causa da paralisia
histérica não podia ser explicada em termos da consciência ou em termos
orgânicos, mas pela existência do inconsciente. Desta forma, Freud (1900-1901,
p. 633) afirma que apesar do sonho não ser patológico, os processos que atuam
em sua formação são análogos aos que atuam na formação dos sintomas histéricos,
ou seja, ambos denotam uma formação do inconsciente.
Freud assinala que durante a vigília, o consciente
domina os processos de funcionamento do aparelho psíquico através do princípio
de realidade, impedindo que conteúdos inconscientes se manifestem. Contudo,
como o representante-representação não pode se manifestar diretamente no
consciente – devido à incompatibilidade com o sistema consciente– ele se
manifesta de forma substitutiva, modificada, sofrendo condensações e deslocamentos,
através de sonhos, lapsos e sintomas.
Os sintomas são, portanto, derivados do conteúdo
recalcado que tiveram acesso à consciência, são manifestações do inconsciente
que revelam a verdade encoberta pelo recalque. O recalque
é uma repressão tão forte da sexualidade que cria obstáculos para que o
sujeito a exerça livremente: “as
excitações continuam a ser produzidas como antes, mas são impedidas por um
obstáculo psíquico de atingir seu alvo e empurrada para muitos outros caminhos,
até que consigam se expressar como sintomas” (Freud, 1905, p. 224) .
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