segunda-feira, 27 de outubro de 2014

XX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, de 21 a 23 de novembro




XX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano acontecerá em Belo Horizonte/MG do dia 21 a 23 de novembro. 
O tema é "Trauma nos corpos, violência nas cidades", visualizado no link: http://www.encontrocampofreudiano.org.br

Trauma nos corpos, violência nas cidades 

por: Miquel Bassols - Presidente da AMP


"Vivemos em uma época na qual as experiências traumáticas em massa fazem parte do cotidiano. É um fenômeno da nova realidade aumentada e promovida especialmente pela difusão global e imediata de informações e de imagens que permitem assistir, às vezes “ao vivo”, às explosões de violência que se sucedem nas diversas partes do mundo. Não se trata tanto de uma banalização do mal ou da própria violência, —segundo a conhecida expressão de Hannah Arendt à propósito de Eichmann e o nazismo—, mas de sua elevação como um novo objeto que brilha com sua obscura presença no zênite social. Inclusive a violência mais arbitrária e sem um objeto determinado se converteu ela mesma em um objeto que vem no lugar da Coisa freudiana, das Ding, inominável e sem representação possível. A fascinação pela violência chega assim até o mais íntimo e ignorado do fantasma em cada sujeito. Até o ponto de que a violência dirigida pelo sujeito em direção aos outros não se distingue muitas vezes da violência dirigida contra si mesmo."

terça-feira, 14 de outubro de 2014

"O parceiro amoroso da mulher atual" de Lêda Guimarães, em Opção Lacaniana, n.5

" 'Um homem quando ama é uma mulher', assim proferiu Pierre Naveau durante a jornada do ano 2000 da EBP-MG, apoiado na formulação de Lacan 'amar é dar o que não se tem', o que determina que a posição do amante contenha em si a condição de castrado. Por essa razão, a sustentação de uma posição masculina implica numa desvalorização da vertente do amor e na prevalência da vertente erótica na constituição das parcerias, como um mecanismo defensivo fundamental para sustentar a identificação viril enquanto dotado de falo. Mas isso não quer dizer que os homens não saibam amar, como costumam se queixar as mulheres, pois ainda que mantenham como linha de frente o traço perverso da sua fantasia sexual, acabam escolhendo uma mulher, dentre as demais, como seu objeto de amor privilegiado".

A autora nos mostra ainda as mudanças relacionadas as parcerias amorosas ao longo dos séculos. Se a partir do século XII surge o amor côrtes, em que o homem é um cavalheiro gentil, que exaltava a mulher amada, após o feminismo as promessas de amor eterno declinam, de modo que o casal contemporâneo é marcado pelo par: mulher superpotente e homem desvirilizado.

Um dos efeitos importantes, apontados pela autora, das mulheres obsessivas do contemporâneo, liberais, independentes, uma das saídas dos homens é utilizar estratégias próprias à histeria, fazendo surgir o homem metro-sexual "para fazer laço de parceria com as mulheres, para tentar preservar o amor que aí venha a ser nutrido: ele já se apresenta como castrado, destituído de qualquer potência fálica que lembre de perto alguma sombra daquilo que as feministas definem como machismo. Cultivam, assim, o declínio do viril como modo de fazer apelo ao amor".