sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Aumento do consumo de crack no Rio de Janeiro

Na Glória, Zona Sul do Rio, usuários consomem crack livremente em praça. Usuários de outras drogas passaram a consumir crack, segundo pesquisa.

Uma pesquisa inédita da Fundação Oswaldo Cruz mostra que o consumo do crack vem aumentando muito mais do que outras drogas no Rio de Janeiro. Na Glória, Zona Sul do Rio, usuários de crack consomem a droga livremente.

Por volta de 10h30, um grupo consome crack à vontade no Largo da Glória. A droga roda de mão em mão indiscriminadamente, inclusive entre crianças e até uma mulher grávida.

Uma mãe de 17 anos confessa ter passado por várias Cracolândias durante a gravidez, consumindo crack até a hora do parto.

“Eu acabei de fumar o crack, minha bolsa estourou no meio da Cracolândia. E mesmo a água saindo eu queria usar mais droga. Eu arrumei R$ 2. Eu ia usar, mas começou a descer mais água, mais água. Ai eu fui nesse hospital. Chegando ao hospital, eles pegaram e falaram que não estava na hora ainda, que tinha que amadurecer o pulmão do neném. Eu ia ficar internada lá. Ai minha filha nasceu com infecção, nasceu de oito meses, nasceu prematura”, afirmou ela.

Desde que deu à luz, há três meses, a mãe na usa mais drogas. As duas estão vivendo em um abrigo da prefeitura, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio.

“Quando eu sinto vontade, eu pego um livro, leio. Porque agora eu tenho que pensar não é só eu mais. Não estou mais sozinha, agora eu tenho uma filha pra cuidar. Minha filha não precisa de família, a família que ela precisa é eu. Ela é a família que eu nunca tive. A partir de hoje meu vício vai ser ela.”

A pesquisa

O recomeço não esconde as cicatrizes do vício. Por causa do crack, a adolescente já perdeu a guarda de um filho, atualmente com três anos.

A pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz revela que em apenas dois anos o número de usuários de outras drogas que passaram a consumir o crack cresceu seis vezes. O crack é uma droga de baixo custo, e fácil de ser comprada. E o que ela tem de barato, ela tem de devastadora.

O estudo foi coordenado pelo pesquisador Francisco Bastos, especialista em Aids e drogas. Ele confirma que, além de devastador, o crack tem outro grave efeito colateral: crianças e adolescentes entram cada vez mais no mundo das drogas pesadas.

“Do ponto de vista da saúde pública, eu acho que esse seja talvez o desafio maior. Porque ao pegar pessoas muitos jovens, essas pessoas não chegaram nem a se inserir na sua vida social”, afirmou o pesquisador.

Pacificação pode ajudar no combate
Ele não tem dúvida em afirmar: O crack é uma epidemia. E a cura passa pela reintegração social dos dependentes químicos.

“Eu acho que políticas públicas de cunho social, de ressocialização das pessoas, inserção em escolas, ela diminui o contexto social que favorece o consumo. Obviamente para as pessoas que já estão usando você tem que oferecer tratamento de uma forma mais ágil possível.

Mesmo acostumado com histórias desoladoras, Francisco está otimista. Ele acredita que a pacificação de comunidades pode estimular a expansão de programas de saúde pública, inclusive na área das drogas.

“Às vezes você tentava trabalhar e não conseguia e isso não só modulava o tráfico de uma forma complicada, rivalidades, conflitos, como impedia o nosso trabalho”, disse.

A Secretaria de Assistência Social do município afirmou que há 78 vagas em centros de recuperação de usuários drogas atualmente. O secretário Fernando Willian afirmou que o crack é uma droga que entrou há cerca de 5 anos no Rio de Janeiro. “Foi crescendo ano a no de forma preocupante e assustadora. Não havia nenhuma unidade de atendimento, nada que se fizesse no sentido de se enfrentar essa questão. No período de um ano e dez meses que estamos no governo criamos essas 78 vagas: 60 para crianças e adolescentes e 18 vagas para mulheres”, disse.

“Estamos trabalhando intensamente na prevenção, através do centro de referência de assistência, através das escolas, através das famílias, que é o que é fundamental”, completou. De acordo com ele, no Largo da Glória estão sendo feitas várias ações de acolhimento. “Os meninos vão ao centro de acolhimento, alguns aceitam tratamento, e muitos, infelizmente, dado o que significa a droga hoje para essas crianças, eles evadem. Como não tem registro de delitos eles não podem ficar aprisionados”.

sábado, 16 de outubro de 2010

O limite entre beber socialmente e alcoolismo

Retirado do Boletim eletrônico da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas

Estima-se que 20% dos brasileiros, cerca de 32 milhões, bebem mais do que “socialmente”. O consumo de álcool é uma das três maiores causas de faltas ao trabalho e cerca de 65% dos acidentes de trabalho estão relacionados ao uso do álcool e outras drogas. Usuários de drogas faltam dez vezes mais ao trabalho, usam 16 vezes mais os serviços de saúde e solicitam cinco vezes mais indenizações. A produtividade de um usuário de álcool é 20% menor do que a de um trabalhador abstêmio e 70% dos usuários de drogas estão empregados.
O álcool deprime o Sistema Nervoso Central, o que afeta julgamento, nível de consciência, autocontrole e coordenação motora. A cada dose, ocorre um aumento de concentração de álcool no sangue, sendo que uma unidade de bebida alcoólica gera uma hora de efeitos físicos no organismo.

Inicialmente, há sintomas de euforia, evoluindo para tonturas, dificuldade na fala e na coordenação motora, confusão e desorientação. Níveis elevados podem levar à anestesia, coma e morte. Os sintomas físicos da intoxicação alcoólica são aumento da diurese, redução dos reflexos motores, náuseas, vômitos e aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea.

Em médio e longo prazo, os efeitos são tolerância (necessidade de doses maiores para obter as mesmas sensações de prazer e relaxamento de antes), síndrome de abstinência (tremores, náusea, sudorese, ansiedade e irritabilidade quando sóbrio), dependência, complicações clínicas, risco de acidentes de trabalho e trânsito, problemas sociais, familiares, econômicos e judiciais.

Classifica-se como uso nocivo do álcool quando o indivíduo bebe quantidade acima do tolerável pelo organismo, seja este uso frequente, ou ocasional. Beber em quantidades acima das doses estipuladas é considerado uso nocivo do álcool e os riscos aumentam no sentido de causar problemas físicos, laborais, sociais, judiciais, familiares e levar à dependência. O uso constante, descontrolado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente o funcionamento do organismo, levando-o a consequências irreversíveis.

A psicóloga Cristiane Sales, do Centro Psicológico de Qualidade de Vida, explica que um indivíduo deve procurar ajuda quando:
• As pessoas próximas estão preocupadas com seu padrão de consumo.
• Sai com amigos e bebe mais do que eles.
• Bebe muito e não fica visivelmente embriagado.
• Tem a percepção de que não tem controle sobre frequência e quantidade de consumo.
• Sente vontade de beber pela manhã.
• Fica irritado se alguém critica a maneira como bebe.
• Acredita que o álcool possa estar fazendo mal à saúde.
• Prejuízo por causa do álcool no trabalho, família, finanças, justiça, acidentes.
• Se sente culpado pela forma de beber.
• Já tentou parar ou diminuir sozinho, mas não conseguiu.
A dependência do álcool leva anos para se estabelecer, portanto se a pessoa perceber que seu padrão de consumo não está saudável deve parar antes de ter qualquer prejuízo. Percebe-se que faz uso nocivo de bebidas alcoólicas e pretende controlar o consumo, ou tornar-se abstêmio, pode procurar ajuda de um serviço de saúde especializado, como o Centro Psicológico de Qualidade de Vida, que conta com profissionais preparados para oferecer orientação sobre o consumo do álcool a tratamento especializado para a dependência.