Éric
Laurent, no artigo “Um novo amor pelo pai”, publicado na Opção Lacaniana
n°46 situa o avesso da pluralização do
Nome-do-Pai: o pai avaliado do ponto de vista de sua autoridade. “Acabou-se o
pai da autoridade, da tradição, do patriarcado, da Lei. É chegado o tempo da
paternidade contratual, negociada, responsável” (p.20).
Segundo
Laurent, Lacan desconstruiu o “pai” freudiano segundo as dimensões real,
simbólica e imaginária. O primeiro Nome-do-Pai em Freud foi o pai do totem,
apresentado no texto “Totem e tabu”. Nesse texto Freud fala de um pai
simbólico, pai de amor, e de um pai imaginário, do ódio e da reprovação.
Já
Lacan, após propor a pluralização dos nomes do pai em sua obra, a partir do
Seminário A angústia, se propõe a definir o Nome-do-pai a partir de uma função,
ou seja, há versões do pai, uma por uma. Assim “não se trata mais de partir do
nome, mas sim do objeto a” (p.23). Essa péreversion, versões do
pai, ou perversões do pai, tratam tanto de que há uma versão do pai para cada
sujeito em particular, como uma perversão do pai de se ligar aos objetos a
de uma mulher. Um pai-versamente orientado é aquele que faz da mulher seu
objeto a causa de desejo. Enquanto a mulher se ocupa de outros objetos a:
os filho. Na medida em que o pai se liga aos objetos a de uma mulher é
que “podemos falar de um entrecruzamento da pai-versão com a perversão materna”
(p.23) e assim surge o chamado “cuidado paterno”, o cuidado que o pai tem com
esse objeto a da mulher.