Freud (1912), no texto "A dinâmica da
transferência", pontua que a transferência ocorre não só no tratamento
psicanalítico, mas também em instituições, e por isso é importante considerá-la
no tratamento dos pacientes, na medida em que as características da
transferência não devem ser atribuídas a psicanálise, mas a própria neurose. O
paciente transfere para a figura do médico/analista/profissionais de saúde
mental conteúdos inconscientes que dizer de sua relação com o pai, com a mãe.
Há tanto a transferência “positiva”, de sentimentos afetuosos, e a “negativa”,
de sentimentos hostis, que trabalham como resistência ao progresso da
terapia.
Nesse texto um ponto nos chama a atenção, Freud
destaca a transferência como fundamental no tratamento psicanalítico de
pacientes neurótico, e destaca que “Onde a capacidade de transferência
tornou-se essencialmente limitada a uma transferência negativa, como é o caso
dos paranóicos, deixa de haver qualquer possibilidade de influência ou cura”
(Freud, 1912, p.118).
Então os psicóticos não podem ser tratados pela
psicanálise?
Bem, podemos dizer que Freud não pôde avançar
muito em relação ao tratamento de psicóticos, ainda que explorou a descrição da
psicose e seus mecanismo em textos muito importantes em seu ensino, ao marcar a
formação da neurose a partir do recalque, e da psicose a partir da foraclusão
(termo utilizado por Lacan em sua releitura freudiana). Contudo, é Lacan quem
inaugura o campo do tratamento psicanalítico das psicoses a partir de seu
estudo inaugural sobre a paranóia no caso de Aimèe. E a partir daí os
psicanalistas tomam como referência para o tratamento de psicóticos o
ensinamento de Lacan de não recuar diante da clínica da psicose.