segunda-feira, 13 de setembro de 2010

___FREUD, S. (1923). “O ego e o id”. Em: Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud

Nesse texto, Freud retoma a distinção entre consciente e inconsciente, mas para caracterizar este último como “latente e capaz de tornar-se consciente” (p.28). Essa nova formação da mente se organiza em três sistemas: o id, o eu e o supereu.
Freud apresenta um “esquema mental” no qual formula a existência de um isso primitivo, que sob influência do mundo se diferencia e dá origem ao eu. Com isso o eu está fundido, em sua parte inferior, com o isso e apresenta em sua superfície o pré-consciente. O reprimido não pertence exclusivamente ao isso, já que pode se comunicar com o eu através do isso. O eu utiliza um “receptor acústico” para se comunicar com o mundo através da percepção e da consciência. Há um conflito constante no aparelho psíquico entre o princípio do prazer e o da realidade, que tenta manter constante o nível de excitação.
Por fim ele apresenta o fenômeno que também são conscientes e inconscientes e atuam como instâncias críticas, julgadoras, que submetem nossas ações às restrições morais e ao sentimento de culpa. Essa terceira instância, definida como supereu, demonstra que o eu não pode ser definido simplesmente como uma parte do isso modificada pelo mundo. Trata-se de uma gradação no eu, uma diferenciação, que foi inicialmente descrita como ideal do eu. Como efeito do complexo de castração o indivíduo elege novas identificações para substituir algo que perdeu (primeiras satisfações alcançadas com a nutrição, através do seio materno). Essa substituição tem função na construção do caráter do indivíduo e conformidade com as regras morais da sociedade “o caráter do ego é um precipitado de catexias objetais abandonadas e que ele contém a história dessas escolhas de objeto” (p.42). Sua primeira identificação é com o pai, como modelo do que o indivíduo quer ser.
Para explicamos esse ponto precisamos fazer uma alusão ao complexo de Édipo. No início o menino se encontra numa relação dual com a mãe, ela satisfaz suas necessidades através do seio. Porém o crescente amor pela mãe encontra o pai como obstáculo a essa união. O menino então dirige seu ódio ao pai a fim de se livrar dele, para poder ficar com a mãe. Porém essa relação não é restrita ao ódio, há uma ambivalência de afeto, sua identificação oscila entre a hostilidade e o amor.
Somente com a dissolução do Édipo a mãe é abandonado como objeto de amor e o menino se identifica com o pai como modelo. Com a saída do Édipo forma-se o supereu como herdeiro das proibições paternas, é um representante do pai.
O ideal do eu carrega as injunções e proibições e as exerce por meio da censura moral.
Sendo assim, a primeira identificação do indivíduo à algo externo a ele se relaciona ao supereu “O superego deve sua posição especial no ego, ou em relação ao ego, a um fator que deve ser considerado sob dois aspectos: por um lado, ele foi a primeira identificação, uma identificação que se efetuou enquanto o ego ainda era fraco; por outro, é o herdeiro do complexo de Édipo, e, assim, introduziu os objetos mais significativos no ego” (p.61).

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