Quando
comumente se fala que na psicose o sujeito está fora da realidade, ou há uma
perda da realidade, é importante retomarmos Freud em suas considerações nos
textos “neurose e psicose” e “perda da realidade na neurose e na psicose”.
Freud assinala que tanto na psicose como na neurose há uma perda da realidade.
O que difere em relação às duas estruturas é em relação a forma de se reconstruir
a realidade. Enquanto o neurótico a faz pela fantasia, o psicótico a faz pelo
delírio.
O paranóico edifica de novo a realidade mediante o trabalho de seu
delírio, “o que nós consideramos a produção patológica, a formação delirante,
é, em realidade, a tentativa de restabelecimento, a reconstrução”.
Esse é um
ponto crucial para o tratamento de psicóticos, considerar o delírio como uma
tentativa de dar um tratamento ao real, uma tentativa de cura, de construção de
uma suplência. Assim, nós, analista, estamos ali, ao lado dos psicóticos, a fim
de ser seu secretário, testemunhas de uma reconstrução delirante, de uma nova
realidade que os permite suportar o real que os invade.
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