segunda-feira, 18 de julho de 2011

Instituto de Clínica Psicanalítica do Rio de Janeiro (ICP/RJ) - Curso Livre

Divulgando:


"Obra em obras¨


Bispo do Rosario e a invenção na psicose

Flavia Corpas e Marcus André Vieira

Data: sexta-feira 29 de julho das 15 às 1830hs
sábado 30 de julho das 10 às 1330hs

Local: EBP-Rio, Rua Capistrano de Abreu, 14, Humaitá.

Informações e inscrições 2286-7993 (secr. Rosane) ou icprj@terra.com.br
(será cobrada uma participação de R$ 40,00)

Arthur Bispo do Rosario passou cerca de 35 anos, interno na antiga Colônia Juliano Moreira, produzindo ininterruptamente diversos tipos de objetos. Impulsionada pela missão de reconstruir o mundo para apresentar a Deus no dia do Juízo Final, sua produção foi reconhecida a partir dos anos oitenta como uma das mais importantes obras de artes visuais do Brasil.

Abordaremos os trabalhos produzidos por Bispo do Rosario a partir da noção de invenção psicótica, proposta por Jaques-Alain Miller. Cada um de nós, seres falantes, precisa encontrar uma maneira de se situar no campo da linguagem. Algumas delas apelam para os discursos estabelecidos, criando saídas típicas. Entretanto, existem outras saídas que implicam na invenção de algo que não estava lá, como o que pode ocorrer na psicose, caso de Bispo.

1 - Qual biografia?
Serão apresentadas as visões e versões, por diferentes autores, de Bispo do Rosario. Abordaremos também a história do artista, contada por ele mesmo, extraída de seus depoimentos e de suas obras, a partir da construção dos diversos “eus” que ele cunhou na tentativa de encontrar para si um lugar na cultura, no Outro.

2 – O delírio
Abordaremos a construção do delírio de Bispo como uma dessas tentativas. Trabalharemos com a hipótese de uma elaboração delirante escandida em dois tempos: O primeiro, da revelação de sua identidade messiânica, e o segundo, da constituição de sua missão.

3 - Objetos
Os diversos objetos criados por Bispo serão apresentados e examinados com base na hipótese de que eles foram um suplemento essencial ao delírio e desempenharam papel decisivo na estabilização que permitiu a Bispo forjar-se um nome ou, nos termos de Miller, uma saída que permita ao sujeito um saber-fazer com o traumatismo da linguagem.

4 – Arte e invenção
Discutiremos os fatos e contextos que fizeram com que as invenções de Bispo do Rosario fossem elevadas à dignidade da obra de arte, interrogando a noção de invenção, proposta por J. A. Miller a partir do caso Bispo.

Bibliografia

Freud, S. [1919]. “O estranho”. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XVII, Rio de Janeiro, Imago, 1975.
_________. [1924a]. “A perda da realidade na neurose e na psicose”. In: Obras Psicológicas de Sigmund Freud: Escritos sobre a Psicologia do Inconsciente, vol.III, Rio de Janeiro, Imago, 2007, p. 125- 134.
_________. [1924b]. “Neurose e Psicose”. In: _____, p. 93-102.
Lacan, J. “Introdução à questão das psicoses”. Partes II e III. In: O Seminário, livro 3: as psicoses. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editora, 1988, p. 25-54.
_________. “As imediações do furo”. Parte XX. In: O Seminário, livro III: as psicoses. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editora, 1988, p. 281-291.
_________. “Joyce, o sinthoma”, Outro Escritos, Rio de Janeiro, JZE, 2003.
Miller, J. A. “A invenção psicótica”. In: Opção Lacaniana, vol. 36, São Paulo, Eólia, mai., p. 06-16.
_________. Perspectivas do Seminário 23 de Lacan, Rio de Janeiro, JZE, 2010, lições 7 a 9.
Morais, F. “A reconstrução do universo segundo Arthur Bispo do Rosario”, In: Catálogo da exposição Registros de Minha Passagem pela Terra, MAC/USP, 1990, p. 18-25.
___________ . “Uma biografia em curso”, In: _____, p. 13-16.


¨ Tomamos de empréstimo a expressão utilizada pelo poeta, ensaísta e tradutor Décio Pignatari, para traduzir o texto de James Joyce Work in Progress, mais tarde publicado como Finnegans Wake.

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