terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sobre a Repetição

Anotações sobre a Noite Preparatória da AMP, na EBP/RJ dia 31/10/2011.

Serge Cottet
Psicanalista e Professor-Doutor do Département de Psychanalyse de Paris VIII

O conceito de repetição implica a ordem simbólica, o inconsciente, a cadeia significante.
Na concepção freudiana era descrita como a repetição do mesmo. Assim, no início de seus estudos preponderava a relação entre a repetição e o simbólico.
O analizante repete no lugar de recordar, segundo Freud assinala no texto "Recordar, repetir e elaborar" (1914). O sujeito repete porque recalca. Repete porque na análise se dá um tratamento aos sintomas.
Lacan inicialmente subescreveu essa visão imaginária da repetição, por exemplo através da análise do caso Dora, em que destacou a "matriz imaginária", a concepção imaginária da repetição, os automatismos de repetição.
A vida amorosa é o terreno privilegiado dessa repetição. O exemplo da "Gradiva de Jansen" ilustra como o sujeito não sabe qual é o objeto perdido que o parceiro vem substituir.
O motor da repetição é, dessa forma, o encontro, ou poderíamos dizer, o reencontro com o objeto perdido.
No seminário "De um Outro ao outro", Lacan diz que não se pode mais sustentar a repetição a partir do binário: cópia e similar ("matriz imaginária"). Assim, formula que há uma anulação do traumático (disso que retorna sempre no mesmo lugar, o real) pelo significante, como podemos observar na bricadeira da criança descrita por Freud nomeada como Fort-Da.
Desse modo, o que repete é o desegradável, algo além do princípio do prazer, e não a reparação do objeto perdido. O traumático insiste e é impossível de ser simbolizado.
Diante desse real, do traumático que insiste, e que observamos através dos novos sintomas no contemporâneo isso aumentado pela relação entre o sujeito e sua certeza de gozo, como no caso da toxicomania, surge a pergunta sobre a direção de tratamento dessas sintomatologia no contemporâneo. A resposta é de uma direção que vá além da interpretação freudiana e aponta para algo que é preciso "avisar" do perigo do real para os sujeitos

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