terça-feira, 1 de novembro de 2011

A verdade é irmã do gozo.

"A vida e a verdade formam um casal inédito, que não tem o hábito de passear de mãos dadas pelos jardins do Campo Freudiano... E é precisamente porque a verdade fala que não sabemos o que ela quer... A vida, ao contrário, não fala. É talvez por esta razão que sabemos o que ela quer. Ela quer se transmitir, durar, jamais acabar. Os corpos vivos morrem. A vida, ela não morre". Miller, J-A. Opção Lacaniana, nº41.

Sobre o conceito de verdade, Lacan o desenvolve em seu ensino a partir da teoria dos discursos. Ele introduz o conceito de estrutura pela via do discurso. Desde seu encontro com a linguagem o sujeito já é marcado por uma perda de gozo. No intervalo entre os significantes - S1 e S2 - emerge o sujeito como tal, o sujeito barrado, o sujeito do inconsciente, marcado tanto por uma perda como pela possibilidade, acesso, a uma parcela de gozo.
A verdade aparece aí como irmã do gozo, tal como assinala Lacan em O seminário, livro 17: o avesso da psicanálise. A verdade revela algo do inconsciente e também uma satisfação, gozo, própria das formações sintomáticas. Assim, trazer a verdade a tona, através da experiência analítica, é abrir para a possibilidade de tratamento do gozo, sempre considerando a resistência, a transferência a a repetição características do funcionamento psíquico.

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