terça-feira, 24 de abril de 2012

Há gozo no sintoma?

Em diversos casos clínicos que recebemos no consultório nos dias de hoje podemos comprovar a afirmativa tanto de Freud como de Lacan de que existe gozo no sintoma. Isto quer dizer que os sintomas, como as obsessões, a anorexia, as compulsões, e mesmo as toxicomanias, apesar de causar sofrimento, revelam também alguma parcela de satisfação, e também de gozo: "algo no âmago do sujeito trabalha para seu desaparecimento, sua destruição".

"O gozo é um conceito necessário para compreender como o sujeito tem a ver com seu sintoma, como ele o ama bem mais do que o bem-estar, o prazer, o benefício e mesmo ele próprio, inclusive quando o faz sofrer. É precisamente nisso que o gozo e o prazer se distinguem. O gozo se alia à dor - o sintoma, de sua parte, magoa - e designa a satisfação paradoxal retirada dessa dor. Trata-se de uma satisfação que pode prejudicar o organismo e se tornar autônoma e até conduzir a morte".

Por isso a importância do trabalho analítico com esses sujeitos, para que possam entender a particularidade do gozo que obtém através do seu sintoma e ao que ele remete à neurose infantil, para que a partir daí cada um possa construir um saber-fazer com isso, e com o que resta ao fim de uma análise.

 Philippe Lacadée. O despertar e o exílio. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2011, p. 94 - 95.

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