segunda-feira, 15 de julho de 2013

"Sou toxicômano" - uma nomeação

Por que tantos usuários de drogas ficam fixados na nomeação "sou toxicômano", "sou alcóolatra", "sou crackeiro"?
A resposta a essa pergunta nos ajuda a pensar sobre o que a sociedade pode fazer em relação a esses sujeitos.
Se o pensamos como criminosos, mau-caráter, a solução é policialesca, como muito vemos acontecer em diversas cidades pelo Brasil. Contudo, se pensamos que além de um problema social falamos de um problema de saúde pública, a solução se coloca pela via do tratamento.
E aqui não falamos de uma internação compulsória, que passa ao largo do desejo do sujeito de se tratar. O importante é compreender a função que a droga ocupa na economia de gozo para cada sujeito em particular.
Para a psicanálise  a nomeação "sou toxicômano" é uma resposta a deflação do Nome-do-Pai, ou seja, sua falta de eficácia como significante que nomeie o gozo, que retire o sujeito da posição de objeto de gozo da mãe. Assim, o sujeito fica a procura de algo que o nomeie e encontra na adicção uma identidade, um pertencimento  um grupo social.
"Sou toxicômano" é uma identificação bruta a um significante, "uma resposta que torna o outro consistente de novo e que pretende uma recuperação de gozo", sendo que essa recuperação de gozo ocorre por fora da medida fálica, pois a toxicomania acaba levando o sujeito a um gozo auto-erótico, fora do sentido e fora da fala (Sillitti, D. Sujeto, goce y modernidade: fundamentos de la clínica. Atuel - TyA, 1993, p. 56).

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