Acontece
que na atualidade o sujeito do inconsciente, sujeito dividido, acaba
submergindo quando os sujeitos se lançam no uso excessivo de drogas. Se
antigamente o uso de drogas era marcado pelo simbolismo, pela busca de sentido,
como o uso de drogas para buscar a espiritualidade, ou como símbolo da
contracultura e da revolta, na atualidade há uma perda de sentido, há um vazio,
é a era da toxicomania banalizada (Naparstek. F., 2011. Pharmacon 12).
O uso
desmedido do álcool e de outras drogas é um ato de ruptura com o Outro (sexo)
para fazer um com a droga; é um curto circuito na fantasia, uma ruptura
com o gozo sexual, fálico, em prol de um casamento com a droga. Para que o
sujeito não tenha que lidar com sua própria falta, com sua divisão, ele coloca
ali a droga, como um tampão.
Essa
satisfação autoerótica que o sujeito obtém com a droga, causa a ilusão de que
se está completo, de que não precisa mais de nada. Essa ilusão de completude
acaba afastando os toxicômanos e alcoolistas de suas famílias, trabalho, amigos.
É difícil para aqueles que estão em torno dos toxicômanos ou alcoolistas
perceberem quando o uso se torna um abuso e quando estes precisam de
tratamento, entender que o paciente passou de consumidor a consumido pelo
objeto droga, produto da sociedade de consumo.
Não
se trata de um trabalho fácil nem rápido quando o objetivo é tratar toxicômanos
e alcoolistas. Não é simplesmente comunicar a ele que tem que parar de usar em
função de sua saúde e de suas perdas. Mas a partir da redução, da redução de
danos, ajudá-lo a ir se re-apropriando das dúvidas, das perdas, de sua própria
divisão que é o que o caracteriza como sujeito do inconsciente.
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